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Método de escrita para quem não usa nenhum

Se você é escritor de ficção ou pretende ser, já ouviu falar em algum método de escrita. Eles são populares, numerosos e cheios de guias e passo a passo para você se tornar um profissional de sucesso. Mas e se você escrevesse sem método algum? Já imaginou como seria? Então eu venho te contar.

Antes de qualquer coisa, é importante deixar claro que ao propor que você não tenha um método de escrita, eu só estou fazendo porque é o que funcionou na minha vida. Isso, depois de ter passado tanto tempo tentando descobrir qual, afinal, era meu método ideal para escrever. E só então, veio o estalo: e se eu não tivesse um método ideal?

O que é um método de escrita?

Métodos de escrita são técnicas que ajudam escritores e roteiristas a estruturar e gerenciar os livros e roteiros que estão escrevendo. Essas “listas de passo a passo” costumam tratar de etapas como roteiro, planejamento, escrita, revisão, reescrita e o que mais for necessário, de acordo com cada método.

Existem diversos métodos conhecidos atualmente. Com uma rápida pesquisa no Google, você consegue encontrar alguns famosos como método de escrita ESCREVA, método aristotélico, método dos 3 atos, jump the cat! e muitos outros. Todos funcionam como um guia ou um caminho das pedras para quem quer escrever um romance, um livro ou um roteiro.

Mas a minha proposta é outra. Não use método algum para escrever. Arrisque seguir apenas as suas ideias e deixar o texto, os personagens e o seu feeling te levarem para o desconhecido. E se você está pensando que eu sou maluca, talvez eu seja, calma. Eu vou te contar como eu faço isso!

Escrevendo sem método

Escrever pra mim sempre foi muito natural. Eu sempre me via escrevendo poesias para os meninos que eu gostava – quando ainda gostava de meninos – historinhas que eu criava e até mesmo escrevia sem escrever, apenas criava aquela narrativa em minha mente. Com o tempo, a escrita foi me acompanhando na evolução da minha vida.

Quando adolescente, entrei para o teatro e um tempinho depois, lá estava eu escrevendo roteiros de peças e descobrindo as particularidades daquele gênero. Escrevi esquetes, peças infantis, peças adultas e até algumas cenas que foram parar em um festival.

E o meu processo para a escrita era sempre muito parecido: captação de ideias, escrita e revisão.

Poxa, Desirée, então você enganou a gente? Você tem sim um método de escrita!

Para escrever profissionalmente, seja um conteúdo jornalístico ou ficcional, é necessário mais de uma etapa. Não vai acontecer de você escrever um texto e pronto, acabou, está perfeito. Então, sempre será necessário que você tenha, ao menos, a etapa de revisão.

Continua comigo que vou falar melhor sobre o meu método de escrita que não é bem um método.

Captação de ideias e Escrita

Essas duas etapas estão juntas. E é aqui que a minha forma de escrever começa a se diferenciar um pouco dos métodos mais conhecidos. Em geral, eles pregam que você pegue sua ideia e prepare uma espécie de roteiro. Que você anote as principais cenas e os atos do seu livro. Alguns, começam pelos personagens. Eu começo por lugar nenhum.

Na prática, eu pego a ideia e começo a escrever. Ao invés de estruturar um roteiro ou definir os pontos importantes e o que vai acontecer até o fim, eu simplesmente começo a escrever. E eu diria que esse é o ponto principal que diferencia o meu não-método para a maior parte dos métodos de escrita.

E essa parte é essencial. Eu costumo fazer isso até o fim do livro. Sigo escrevendo a história sendo levada pelos personagens e pelo que me inspira. Não é muito simples como estou fazendo parecer. Muitas vezes, a inspiração não vem e você precisa continuar escrevendo.

Aquele momento que um roteiro se faz necessário

Talvez correndo o risco de morder a língua, tem algo essencial a ser dito: caso você trabalhe com prazos, talvez, após o primeiro sprint de escrita, seja necessário você criar um roteiro, mesmo que bem básico, para os dias que a inspiração não vem.

Esse roteiro não precisa te guiar até o fim, ele é apenas uma base para que você saiba para onde seguir quando precisar voltar a escrever. Comigo, quando eu fiz essa espécie de roteiro, eu sempre o usava para o primeiro parágrafo e, a partir daí, era como se destravasse a minha mente e tudo ia se ajeitando.

Não tenha medo de criar roteiros se isso for essencial para a qualidade do seu trabalho, mas não passe a vida achando que só será capaz de escrever com roteiros.

Revisão

Após a captação de ideias e a escrita, talvez você tenha chegado ao fim do seu trabalho. Ou, pelo menos, até o fim da sua inspiração. E agora, chegou a hora de partir para uma etapa mais técnica: a revisão. E já aviso logo, sem método ou com método de escrita, a revisão sempre fará parte da sua vida e dos seus trabalhos.

Aqui, é a hora de você analisar TUDO. A primeira revisão, você procura por furos na narrativa, inconsistências e erros de continuidade na histórias. Na segunda revisão, se atente aos personagens, procure analisar as atitudes, se elas fazem sentido e se eles estão bem construídos. Perca um tempo aqui. Em seguida, foque na gramática. Depois, faça uma leitura crítica geral. E só pare quando tiver certeza que fez o seu melhor.

Eu nunca disse que escrever se método era fácil ou rápido! Mas respira, que tudo vai dar certo.

Qual o método de escrita que funciona?

O seu! Eu costumo dizer que não tenho um método e que não gosto de roteiros e isso funciona perfeitamente para o que faço hoje. Mas tem autoras incríveis que usam métodos extremamente pragmáticos e são f*das demais!

Não se apegue ao que você PRECISA fazer para escrever e escrever bem. Foque no que você QUER fazer e no que te faz bem. E se isso significa que você vai escrever apenas na praia aos domingos de manhã cedo, tudo ótimo! Mas se você vai acordar todo dia, uma hora mais cedo e escrever sem parar, perfeito!

No final das contas, o método de escrita que mais funciona é o seu! E se você quer saber mais do meu, fica por perto e vem compartilhar suas experiências comigo.

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