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Sobre amor

Saber amar

Ela não sabia amar. Não sabia que podia chorar e ganhar um abraço e um cafuné enquanto se deixava desabar. Ela não sabia que amar era calmaria feito cuidar e mar revolto feito transar. Ela não aprendeu a amar, não sem aquele peso do julgar e a insegurança de quem sempre tem uma mão para levantar. Ela bem que tentou amar, se entregar, se apaixonar sem se machucar. Mas nada parecia funcionar e toda sua vida mudou de lugar.

Talvez ela já tivesse desistido de amar, não acreditava mais que ia transbordar, se emocionar, deixar o coração acelerar e ter de volta toda essa turbulência de se jogar. Ela não sabia mais amar, mas a vida não deixou ela se acomodar.

Aos poucos, ela deixou o coração remendar e mesmo sem terminar de costurar, permitiu que ele voltasse a bombear. Ela se abriu e sorriu e, no fundo, não desistiu de encontrar alguém que fizesse seu coração acelerar. Vendo sua força de vontade e sua esperança voltar, a vida entendeu que, finamente, era hora de deixar ela reencontrar aquela que a faria voltar.

A verdade é que, no fundo, ela sempre soube como amar, mas não sabia que amar era sobre trocar. Trocar olhares, toques, carinhos, experiências, vontades e, até mesmo, o ar. Não demorou para ela, finalmente, se (re)encontrar.

Se (re)encontrar no abraço que era morada, nos planos de um futuro real e no amor que a fazia transbordar. Ela agora precisava reaprender a amar, amar de forma aberta, livre, sem mascaras, lágrimas, insegurança ou passos atrás. Sem medo de se mostrar. Como um novo ano na escola, alguns dias ela ia acertar e em outros errar, mas no fundo, era só uma questão de tempo, até ela entender que, de uma vez por todas, ela podia só deixar amar.

Amar alguém que estava pronta para voar, assim como ela, solta no precipício, nessa loucura que se chama amar.

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